domingo, 20 de fevereiro de 2011

de cor.

O céu amarelou. E eu aqui na mesma posição, acompanhei o sol se despedir de mais um dia iluminado. De repente precisei de um café e levantei da vista imóvel da janela. A casa inteira estava amarela. 

Havia uma menina sentada no meio da sala de pernas cruzadas. A mãe chamava seu nome várias vezes e a mandava ir para o banho. E ela, distraída com a TV, com as bolachas e com o cadarço desamarrado do tênis. 

Na cozinha, pus a água para ferver e do vão da área de serviço eu vi o sol se pondo. Uma bola de fogo no fundo da paisagem. 

Passei a língua nos lábios e verifiquei a pele fina, ressecada e salgada. Os pés fincados na areia. Os cabelos molhados nas costas. Fechei os olhos e ouvi as ondas ao longe. Não era escuridão nas pálpebras cerradas. Era uma cortina de lava quente. 

Provei o café e o percebi fraco demais. Enchi duas xícaras e saí pensando que talvez tivesse exagerado no açúcar. Voltando para o quarto eu vi você na rede da varanda me oferecendo um cigarro. Dei um sorriso de desdém. Eu não fumo mais.