domingo, 25 de maio de 2008

in the back seat

(00:50) Deixa de besteira vai... Eu sei que você não tá falando sério. Volta aqui... Abre os olhos vai... Pára de besteira. Você disse que tinha uma coisa importante pra me contar. Hein? Eu tô aqui. Aonde você vai? Tô ouvindo um barulho estranho... Peraí!, (2:00) volta, não me deixa aqui sozinho. Tá escuro. Tá muito frio. Cadê você? Cadê a luz? Que barulho é esse? (2:29) Peraí! quem é você? Eu não sei quem você é. Sai daqui! Me deixa em paz! Sai! Sai! Me solta! Pára! Eu não quero você aqui. Traz ela de volta. O que foi que você fez com ela? Cadê? Alguém me ajuda. Tô com muito frio. Tô com sede. Não consigo ouvir nada. (03:02) Olha lá! Olha, é aquela moça ali. Chama ela, chama ela! (03:28)Volta aqui, volta... Eu prometo, eu prometo. (03:40)Não me deixa aqui sozinho. Fala comigo. Ei. Fala alguma coisa. Por que o silêncio? Deixa de besteira vai... Eu sei que você não tá falando sério... (04:09)

quinta-feira, 22 de maio de 2008

então

E quando acordou de manhã já não sentia mais a raiva do dia anterior. Na verdade, o que latejava era uma vergonha absurda de tudo o que tinha dito. Da situação que criou para si mesma, que sabia que poderia acontecer, mas que por vã inocência ainda cria na possibilidade de mudar. Porque no fundo sempre soube que ninguém muda ninguém e, no entanto, insistiu em tentar, fingindo que não se incomodava, não se importava, que era superior àquilo, que tinha aprendido a lidar com tudo.

*

E quando o cachorro latiu lá fora, já sabia o que lhe esperava. Um pedido de desculpas gordo de tanto pesar, mas que já não surtiria mais efeito algum. Porque depois de tantas vezes ralar o mesmo joelho, abrindo a ferida sem mesmo curá-la, não haveria mais remédio que pudesse fechar a carne viva sangrando.

*

E quando sentiu o cheiro de café, levantou correndo da cama. Ao entrar na cozinha, a viu. Os cabelos molhados ainda pingavam na camisa que roubara caída no chão do quarto e que a engolia fazendo quase um vestido. E não esperava nada mais a não ser que ela pulasse em seu pescoço, cruzando as pernas ao redor de sua cintura, com o gosto do café melado e da manteiga que escorria do pão.

*

E quando chegou em casa quase não pôde acreditar. Os armários vazios não deixavam dúvidas de que realmente havia partido. Sem volta. Sem retorno. Sem adeus. Sem olhar de despedida. Sem gritos. Sem ofensas. Sem última transa. Sem levar os vícios, as viagens, os sorrisos e o par de chinelos verdes de que tanto gostava.

*

E quando o ano virou as lágrimas escorreram sem entender o porquê. Olhou para os lados, viu todos e não reconheceu ninguém. Talvez porque os olhos estavam turvos. Mas muito mais provavelmente porque sabia que faltava alguém que ainda iria conhecer.



terça-feira, 13 de maio de 2008

constantly talking isn't necessarily communicating

Queria te dizer que é muito bom gostar de você. Eu queria te dizer isso. Mas eu deixei pra lá. Pois é, ontem eu acho que preferi guardar pra mim. Medinho, né? O que é uma pena, porque hoje eu já não tenho certeza. É, eu acho que é isso. Não, não, tá tudo bem. De verdade. É só essa dúvida que me corrói. Ah, esse friozinho na barriga né? Então. É isso. Me liga mais tarde? Preciso te contar uma coisa. Enfim. (Será que eu mudo de idéia até lá?).


¬¬

quinta-feira, 8 de maio de 2008

and here we go again

Prazer, meu nome é Roberta. Hoje eu descobri que só nos Estados Unidos estima-se a existência de 13 pessoas com os mesmos nome e sobrenome que eu. Eu tenho 23 anos e me sinto velha. Às vezes eu não consigo me imaginar com 50 anos. Tá, eu nunca consigo me imaginar com 50. Acho que não preciso também. Eu mudei de casa 5 vezes em 3 anos; consegui voltar para o mesmo bairro. Eu tenho um carro e o nome dele é Euclides. Euclides da Cunha. Uma homenagem a uma camisa que a Ju tinha quando a gente não podia nem imaginar que eu teria um carro. A Ju é o meu rolinho de sofá. E metade do meu coração.

Eu tenho um casal de irmãos que são a minha família. Amo vacas. Gosto de dançar e de ouvir música. Gosto também de teatro, mas não tanto quanto gostaria. Prefiro o cinema. Adoro dramas. Talvez para não me sentir tão só na minha melancolia. Ela me persegue. Adoro. Gosto de dias de outono como os dessa semana.

Eu sempre acho que não tenho amigos, mas no fundo eu tenho. Eu só cobro demais deles. Na verdade, eu cobro demais de mim mesma. Eu crio verdades e as sigo. Sabe como é, "uma mentira repetida com veemência...". Eu não me permito. Crio barreiras. Tenho paciência com quem não merece. Tenho mania de cuidar dos outros; sentimento materno maldito.

Finjo que sou forte pra caralho. Sou insegura. Pra caralho também.

Fiz uma dieta. HOHOHOHO! Estava gordona e perdi 8kg. Até que perdi mais do que imaginava. Agora nem lembro mais de como era estar com aqueles bracinhos gorduchos. Mas só consegui por causa da Maulinha. Ela me incentivou.

Eu adoro viajar, mas também não viajo tanto quanto gostaria. Nunca andei de avião e também não faço idéia de quando isso irá acontecer.

Eu levei 6 pontos na mão direita quando eu tinha 3 anos. Escorreguei numa microgotícula de água e cai com um copo de vidro na mão. Nunca quebrei nenhum osso, mas tenho um dedo meio tortinho na mão direita. Jogando basquete. Sinto falta de jogar. Aliás, sinto falta de ter 14 anos, mas isso é passado.

Tenho fumado demais essas semanas e isso não é NADA legal. Eu gosto de fumar; tem gente que não acredita.

Eu fui apaixonada por um professor na faculdade. Mas eu tinha 19 anos e ele é gay. Foi uma das poucas matérias que eu prestei atenção na PUC. Acho errado esse negócio de ter que entrar na faculdade com 17 anos. Eu hoje sou bem mais feliz estudando e não é só porque descobri algo para que tenho talento. É porque nada paga o tempo e as coisas pelas quais a gente passa.

É eu acho que tenho talento. Na verdade, são poucas as coisas que eu acho que faço bem. Essa eu ainda não faço, mas em 3 anos estarei lá assinando petições. Eu não gosto de ser elogiada, mas gosto de ser reconhecida. Não é a mesma coisa. Até porque, nem sempre um elogio é verdadeiro, enquanto o reconhecimento não necessariamente se traduz em palavras.

Não gosto de emprestar minhas coisas, a não ser que EU ofereça. Ou que eu esteja de bom humor. Durmo tarde e não consigo acordar cedo. Tenho medo de escuro e não gosto de dormir sozinha no quarto com a luz apagada. Eu me escondo com meu cobertor. Ele é super poderoso e sempre me salva das almas penadas.

Não uso saltos. Acho deselegante e machuca meus pezinhos 39. Além disso, não sei andar muito bem em cima deles. Prefiro os tênis. São macios e quentinhos.

Falo inglês razoavelmente bem e fingi ser professora por dois anos. Aprendi muito mais do que ensinei. Estava estudando espanhol, mas vou dar preferência ao francês semestre que vem. Um dia, oxalá, falarei inglês, francês, espanhol, alemão e italiano. Planos para um futuro bem distante.

Não uso cabelo comprido. Sinto muito calor. Cortei a primeira vez aos 14 e em 10 anos só deixei crescer uma vez. É uma briga, porque as opiniões se dividem, "curto é melhor", "comprido é mais bonito". No momento, estou escolhendo o mais prático.

Não sei falar de mim. Só contar causos. Só consigo mesmo com a minha querida psicóloga, mas, no momento, não estou podendo ir. Contenção de despesas. Duas sessões por semana está meio caro.

Sou louca por palavras cruzadas e amo ler. Choro e tudo. Compro livros que ficam na estante por anos, até que um belo dia ele esteja maduro pra eu poder ler. Eu roubo livros dos outros, mas nem é por querer. Os livros me adotam. As pessoas se vão e eles ficam por aqui.

Detesto andar. Efeito Jaiminho. Eu sou filha do Jaiminho. Quando estou bem, gosto de ficar em casa. É até um termômetro. Quando não sinto vontade de sair, é porque estou bem. Eu acabo me bastando um pouco.

Sempre começo blogs. São uma ligeira válvula de escape.