quarta-feira, 21 de novembro de 2007

believe

I saw you yesterday. And the day before, and before, and before, and before. I saw you last Friday and I've been seeing you for the last 10 years. I saw you yesterday but only in my head. Maybe you were there. Because I couldn't see you with my eyes but with all the rest of my body. I saw you this night too, but in my dreams. You called me and we've talked as we used to.

I see you everyday. In my daily routine. In my clothes, my books, my cds. In places I visit. In songs I listen. In movies I watch. I pretend you are beside me and we are sharing that moment. I see you there. But you are not with me. I see you and I want to see you everyday. When I open my eyes at the very first hours in the morning and when I close them late at night. I want to see you as you really are. Every move, every touch. I want to see you not only with my eyes, but with my entire body. I want to see you again and again. I want to keep in my mind more than that smile you used to give me. That one that makes my heart so small and hot.

And why is that distance? How could you be so selfish? How can't you see all the things we're leaving behind and the ones we're missing? I knew I wouldn't stand long. That sooner or later i wouldn't handle this anymore.

Will it be fair?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

so I disconnect

Vítimas e escravos do mundo virtual, a vida hoje depende das malditas máquinas. Novidade? Nenhuma. O que eu vejo hoje é uma quantidade enorme de pessoas carentes de afeto e com uma necessidade enorme de serem notadas, nem que para isso tenham que se utilizar de personagens que incorporam para não terem medo da rejeição. E é assim que se vive. No mundo da internet, do orkut, dos blogs e fotologs podemos perceber como as pessoas exibem projeções falsas de si mesmas, fingindo serem bem resolvidas, independentes e felizes. Publicam fotos e frases. Comunidades que espelham suas personalidades. E eu me pergunto: até que ponto é verdade?


A internet tornou-se mais um mecanismo de atingir as pessoas. Quando queremos nos mostrar felizes ou tristes e queremos que alguém - ou muitos alguéns - saiba. Quando queremos mostrar que estamos solteiros ou exibir o novo namorado. Quando cortamos o cabelo. Compramos um carro novo. Fazemos uma viagem. É uma carência sem limites que tentamos suprir da maneira mais inútil e superficial.


Hoje não escrevemos mais cartas, passamos emails. Não ligamos para nossos amigos para tomar um chopp, deixamos um scrap. Não vamos às suas casas para darmos um abraço, não sentamos juntos para ouvir uma música ou para ver um filme. Temos 683 pessoas adicionadas no orkut e no msn e não sabemos qual a cor de preferida de nenhuma delas. Ou o nome da mãe. Sabemos o que elas exibem nas comunidades mais esdrúxulas do mundo. Mas quantas vezes paramos para perguntar alguma coisa.


O mundo está mais interligado, mas a cada dia se torna mais impessoal. E o problema está justamente aí. No fato de que não adianta nada lermos e aprendermos tudo via internet se não temos com quem debater ou discutir. Porque máquina alguma pode substituir a verdade de um pensamento humano.


E eu afirmo: as pessoas hoje querem estar conectadas, mas de forma alguma relacionadas. Relacionar-se dói. Há riscos. Perigos. Medos. E para que sentir tudo isso se posso me esconder atrás de uma foto bonita de Photoshop? Ou da janela do msn? Não há mais olho no olho. Tudo é dito e falado e dividido por um tela maldita atrás da qual rezamos para que esteja realmente a pessoa que você acha e não o ex-namorado dela te sacaneando. Ou a mãe tentando descobrir algum podre.


Eu visivelmente sou uma vítima desse fenômeno. Mas eu juro que eu tento evitar ser dependente dele.

domingo, 30 de setembro de 2007

Lá lá lá lá-laiá...

Domingo. O pior dia da semana. Estava assistindo ao Saia Justa outro dia e a Monica Waldvogel disse que uma das coisas que ela gostaria de fazer até o fim da vida era aprender a aproveitar melhor os domingos. Eu também. São dias longos e quentes e noites frias e solitárias. A noite de domingo parece o último dia da minha vida, eu penso e repenso tudo o que deixei de fazer na semana anterior e tudo o que terei que fazer na que está começando. E é triste. É deprimente. Saber que tudo volta ao que era antes e que a vida vai continuar a andar da mesma forma. Que apesar de a semana ser nova os dias continuam os mesmos, o trabalho, a rotina.
Eu odeio rotina. Odeio a continuidade entediante da vida. Não me sinto feliz em ter certezas em tudo. O que é um paradoxo, pois sou a pessoa mais insegura do mundo. Como já foi dito, nesse mesmo bendito blog, o grande prazer da vida está na imprevisibilidade. Mas, até que ponto? Até que ponto a incerteza pode chegar? Até onde precisamos de garantias?
*
Acredito que as garantias são necessárias até conquistarmos confiança. Até estarmos plenamente seguros de nós mesmo. É o pêndulo Schopenhauer. O maldito tédio e a satisfação. Estamos sempre em busca de algo mais, de algo novo, além. Não existe a felicidade plena, a visão pessimista de fato. O que ocorre é esse tédio constante que solvemos com uma satisfação temporária que em algum breve momento dará espaço para uma nova necessidade, se assim pode ser chamada, visto que no fundo é só mais um de nossos caprichos humanos.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Então...

... sabe o que que é?... não me leve a mal, mas eu acho melhor a gente parar por aqui... (...) não, não... não é isso... na verdade eu não sei mesmo como explicar... (...) hmm... (...) NÃO!!! de jeito algum... o problema é comigo mesmo... é essa ansiedade que me consome... (...) eu não sei muito esperar, entende? acabo me afobando com as coisas... (...) eu sei que isso é ruim... mas não consigo evitar... eu sou assim mesmo, tento isso o tempo todo, mas é com tudo na vida, sabe? (...) ai não sei... tentar? mas isso demora... e eu não sei esperar, lembra? (...) ah, mas você não fala nada! (...) não, não, imagina! tem sido ótimo... mas é que eu acho que a gente é tão diferente... (...) como? ah não sei explicar... diferente... aquele dia do cinema por exemplo... (...) ah, aquele que eu queria ver aquele filme do Festival... (...) não, lembra? (...) isso! é... que a gente acabou indo ver aquela comédia hollywoodiana (horrorosa...)... (...) pois é... coisas tipo essa... (...) eu sei... tb adoro vc... (...) é, a gente se diverte (na cama)... (...) não, vc roncar não me incomoda (imagina!!!)... (...) olha só eu não quero a sua ajuda! eu não preciso da ajuda de ninguém! (...) é, é deve ser! sou independente demais pra vc! (...)(...)(...)(...) HA-HA-HA! muito engraçado! pior vc que não dá um peido sem ligar pra mamãe! (...) olha aqui meu bem, eu não tenho culpa se vc não é assim como eu... (...) arrogante? meça suas palavras! tá pensando que tá falando com quem? (...) é deve ser isso mesmo! (...) medo de ficar sozinha? olha só, eu não dependo de ninguém, tá? (...) hmm... (...) hmm... (...)(...)(...) ah tah, agora vai jogar na minha cara... beleza... (...) sabe o que te falta, é um pouquinho de cultura! (...) é, é isso mesmo! sinceramente eu não agüento ter que ficar assistindo tv a porra do fim de semana todo... se ao menos fosse alguma coisa de útil, mas não dá pra ficar falando de Big Brother... (...) olha aqui meu querido, Big Brother pra mim é o do George Orwell... (...) óbvio que vc não conhece... (...) pseudo-intelectual? além de tudo vc é um invejoso... (...) não, eu não to te comparando com ele não, até pq seria muito cruel da minha parte... (...) (...)(...) bom, então, resumindo, pq eu to pagando essa ligação, já deu pra ver que não tá rolando né? (...) é a culpa é minha mesmo... pq eu penso! (...) olha só, silêncio é pros fracos... (...) hmm (...) hmm (...) ouvir o silêncio? eu tenho cara de cachorro pra ouvir apito no silêncio? (...) não, eu não tenho que mudar não, se quiser mude você! (...) ué eu sou assim, muda você oras! (...) ah vc tb é assim... (...) é... até que vc não tá tão errado não... (...) hmm (...) hmm, sei...(...) não, não, claro... (...) eu entendo... deve ter sido difícil mesmo... (...) (vergonha³) (...) claro, poxa me desculpe... (...) é eu sou assim mesmo... (...) é essa ansiedade que me consome... (...) como eu dizia, o que vc vai fazer hoje à noite?

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

I wish I knew how to quit you

"Se alguém me perguntasse hoje, a dois dias dos meus 23 anos, qual momento eu escolheria para viver de novo eu diria, sem precisar pensar por um segundo sequer, o ano de 2003. Não porque só vivi coisas boas, pelo contrário; na verdade foi um ano de coisas ruins também. Ainda não sei dizer se escolheria todo o ano ou alguns meses. Ou escolheria dias. Horas. Segundos. Eu escolheria conseguir viver com aquela intensidade de novo. Ver as cores brilhando como papel celofane. Sentir o corpo dormente. E o coração batendo tão forte que dá para ver o peito latejar.

Eu sinto falta disso. Sinto falta do gosto doce daquilo tudo. Do cheiro das flores. Às vezes penso que tudo isso acabou e que não, não dá para sentir nada de novo. Que como tudo na vida, passa, passa para dar lugar a outras coisas. Novas, que substituem, que ocupam nosso tempo, nossas cabeças, que nos trazem prazeres e desprazeres, que nos fazem felizes. Penso que devo estar envelhecendo e perdendo a ternura, secando, esfriando. Mas não será cedo demais para isso?"

*

Há pouco tempo venho redescobrindo a liberdade. A falta de compromisso com uma pessoa que conte comigo. É um egoísmo bom, saudável; amor-próprio, de fato. É poder sentar no metrô ao lado de uma pessoa que você conheceu há horas e falar bobagem; é aceitar um convite para sair; é fazer opções na vida sem ter que consultar ninguém.

*

Muitas vezes eu acho que estou compartilhando um momento com alguém. Na verdade, entretanto, em todos eles acabo me sentindo só. Eu vejo, pouquinho tempo depois, que o que eu senti foi só meu.

É impossível conhecer alguém. E, no fundo, o grande prazer vem nisso, na imprevisibilidade da vida; em não saber com absoluta certeza e segurança o que o outro está sentindo. Curiosidade é uma palavra incrível.

*

Algumas coisas são surpreendentemente as mesmas sempre e nos trazem sempre as mesmas sensações. O que muda são os efeitos que elas nos provocam, que variam de acordo com o que estamos vivendo naquele momento. O problema gira exatamente em torno desse efeitos, já que o meu momento não é necessariamente o momento do outro e daí temos as tão comuns questões de timing. Assim, o efeito que uma coisa provoca em você não é o mesmo provocado no outro.

*

É estranho encaixar na minha vida de cores opacas um dia cintilante. Minha cabeça processa as informações a uma velocidade próximo ao incrível e fica com aquele dia grudado lá passando como um filme bom que se repete por uma semana no mesmo canal de TV. Acho que no fundo é isso. Um filme bom que posso ver quantas vezes quiser. Que, dependendo de como eu estiver no dia, vou perceber um detalhe diferente, vou rir e chorar de diálogos diferentes; meu coração vai bater mais rápido em cenas diferentes. Mas, como todo bom filme, excita quando começa e deixa saudade quando acaba. Fica sempre preso ao que está ali. Nada mais, nem diverso, pode ser vivido, só o que já está ali. E esse limite que o filme traz dá um pânico, uma sensação de afogamento um não saber incômodo, do que aconteceria com aquelas personagens se alguma daquelas cenas que se repetem infinitamente pudessem ser mudadas; do que aconteceu com elas depois que o filme acabou; do que irá acontecer se houver uma parte dois.

Mas não tem parte dois. Não tem como mudar as cenas. Só dá para acelerar o filme, cortar as cenas. Assistir em câmera lenta. A história é sempre igual; o que muda são os efeitos que elas causam.




terça-feira, 4 de setembro de 2007

i'm only happy when it's complicated

É verdade. Eu gosto do que é complicado, do que é difícil, do que não está ao meu alcance. O fácil não me interessa. O fácil é simples, não tem conquista, não se valoriza, não se tem medo de perder. Isso é uma idéia medíocre, esnobe e egoísta. Porque se todas as pessoas se entregassem tudo seria mais honesto e sincero. Mas não. O grande lance é a disputa, porque é isso que acontece. As pessoas disputam, quem vai ceder primeiro? Ou então o medo motiva a não se deixar cair na lábia do outro. Mas, afinal, quantas oportunidades perdemos em nossas vidas por dispensarmos o fácil e cairmos na tentanção de lutarmos pelo difícil, que, na maioria das vezes, não vale a pena? Deixa de ser hipócrita, você também é assim! Eu não sou a única, nem nunca vou ser.
Eu tenho uma capacidade incrível de idealizar. E isso é péssimo. Eu não me permito, tenho uma dificuldade absurda de lidar com o novo. Sim, eu já li Quem mexeu no meu queijo, por mais que eu odeie livrinhos de auto-ajuda. No fundo, eu os odeio exatamente por isso: eu entendo, sei que tenho que mudar, mas não consigo e me revolto. E é assim que eu vivo. Dentro das minhas idealizações, perdendo oportunidades diante do novo, tentando me livrar de paradigmas criados por mim mesma ou pelos outros e conseguir desconstruir uma opinião sobre algo ou alguém. O meu cérebro desenvolveu essa habilidade, seja por defesa ou sei lá o que. No final, é péssimo de todos os jeitos. Porque eu consigo transformar um merda num rei, um super-herói num Zé-Ninguém, e saio prejudicada das duas formas.
O pânico é estar andando em círculos, já que todos os meus problemas giram em torno desse mesmo maldito defeito que não consigo amenizar. Quem sabe um dia ele abre em espiral.

sábado, 1 de setembro de 2007

citè

Não é um homem alto. Também não chega a ser baixo; mas toca o alto da porta sem ficar nas pontas dos dedos dos pés e sem esticar completamente os braços. A boca, de lábios grossos e definidos, é bem clara, tendo quase a mesma cor da pele do resto do rosto, abriga os dentes grandes que parecem ser todos do mesmo tamanho, regulares como o teclado de um piano, e declama - Drummond - com peculiaridade e prazer. Expressa com os olhos mais que palavras e dá sentidos novos a antigos termos corriqueiros. As lentes dos óculos em retângulo, essenciais, não escondem as sobrancelhas castanho-claro da mesma tonalidade dos cabelos que já teimam em abandoná-lo. Não que isso o faça menos do que ele é, de jeito algum. Impossível haver tal harmonia sem cada detalhe que ele revela.
É um homem. Esguio e magro, revela a barriga, quase um palmo abaixo do umbigo, em um gesto distraído ao se espreguiçar. Seus braços não param um minuto e as mãos são companheiras dos olhos escuros e dos lábios claros em deixar mais óbvio o que quer dizer. São pequenas, de fato. Não bem pequenas, mas tem dedos finos e não tão longos assim. É bonito quando fala, pronuncia um "A", assim, bem aberto, e mostra a boca que abre num arco longo, marca um traço em cada lado do rosto e uma covinha acima do traço, somente no lado esquerdo. Não sei se rói as unhas. Daqui não dá pra ver. Mas que importa? Tanto faz.
Nunca está barbado. Pelo menos não nas quatro vezes que o vi, não estava. Aliás, pouco dá pra perceber de sua barba, que, ao que me parece, não pode cobrir-lhe o rosto devido às falhas. É destro, de costas largas, quadris bastante estreitos; corpo de homem. Ah, sim! Agora vejo! As unhas são bem curtas, como se fossem roídas, mas não são. São brancas, limpas e as cutículas têm uma aparência macia, bem como as palmas das mãos, que teima em exibir.
O reflexo das lentes antes não me deixavam perceber que seus olhos na verdade são verdes. Não esse verde que a gente consegue ver através. Mas um verde escuro, mais escuro que azeitona, com a íris bem marcada como com régua e compasso. São realmente expressivos e me fitam sem suspeitar de nada. Eles me encaram como se eu fosse mesmo eu, e não o que, a princípio, me interessa ser. Ele me comove com a paixão que declara, não por mim, nem por ninguém, mas por algo que parece fazer questão de deixar claro, ser sua razão de viver. Ele me dá esperanças ainda.
Não é propriamente belo. É a sua transparência em 8 horas. A sinceridade e a não-vergonha, o não ver problema em falar nada e dizer tudo o que passa pela sua cabeça sem hesitação, provocando riso e sorriso, assustando por tanta inocência. Tem manias com certeza, mas, Oxalá, são boas. Usa tudo na medida; sem exageros, cada detalhe se encaixa perfeitamente e seria um pecado que qualquer um deles fosse deixado de fora. Tudo organizado, limpo e arrumado. Muita cor, livros e som.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

sem mais

Ah, o amor! Quer sentimento mais vago que esse? Não tem motivo, explicação e mobiliza as pessoas em função dele. Elas se cegam e se anulam em busca de um refúgio, de um cúmplice; se perdem e cobram do outro a projeção de si mesmas. Milan Kundera é um realista. Retratou o amor como ele realmente é, repleto de vaidades e orgulhos, de cobranças, da tentativa vã de acharmos nos outros o que buscamos dentro de nós. O amor como ele deveria ser não existe; sem compaixão, sem expectativas. A falta de leveza nas relações e a necessidade, a busca constante pelo novo e pelo melhor não nos permite atingir esse degrau. O resultado é evidente. As frustrações são cada vez mais constantes, visto que nunca iremos conseguir achar alguém que atenda a todas as nossas vontades. Veja bem, tudo gira em torno de atender a nós mesmos. Quando encontramos alguém que dizemos amar, a primeira preocupação que temos é se iremos nos sentir fulfilled, se aquela pessoa irá nos satisfazer e nunca, deixemos a hipocrisia de lado, pensamos se seremos capazes de fazer isso por ela. O pior de tudo é ainda quando nos irritamos porque o outro não age da maneira como nós agiríamos.

Eu sou egoísta e assumo. Ou apenas não tenho evolução espiritual o suficiente para amar assim. Eu ainda não encontrei minha Karenina; ou meu Karenin. Eu ainda preciso de alguém que atenda minhas necessidades e meus objetivos. Não porque preciso ostentar, nem exibir ninguém, mas porque preciso de alguém para andar lado a lado comigo. E aí volto ao ponto de que precisamos de alguém que seja nosso espelho. Na verdade, um espelho que não reflita a nossa verdadeira imagem, mas a imagem do nosso ideal.

Estar com alguém, eu tenho visto, é uma circunstância, no que se refere ao fato de aquela pessoa representar quem você é naquele exato momento. Seja pelo meio que você vive, pela profissão que exerça, pelo lugar onde você mora. Uma vez afastado dessa circustância, você simplesmente abandona esse amor, na medida em que a distância faz com que você esqueça. O sentimento que surge depois, como disse Drummond - queira Deus que eu não me engane -, é de fato a frustração pelo que não vivemos e a saudade do que poderíamos ter vivido. E sofremos por coisas que nem aconteceram e que provavelmente não viriam a acontecer. Muitas vezes, é essa a sensação que preenche as pessoas que sofrem de amores crônicos e mal resolvidos - como eu - que na maioria das vezes nem tiveram um começo. Essa agonia de pendência, de dúvida é na verdade resultado da ilusão que criamos dentro de nós mesmos, de idealizações, de cenas que vemos quando queremos e da maneira que queremos, sem sermos fiéis a como de fato elas foram ou virão a ser. É mais gostoso, é mais romântico, mas, eu me pergunto, quantas vezes é amor? Seria o amor uma realidade, ou simplesmente uma criação de nós mesmos a partir da solidão que existe dentro de cada um de nós?

Viva Gabriel Garcia Marquez.