quarta-feira, 5 de setembro de 2012

casa XI.

A casa onze tinha oito portas. Sete brancas, uma marrom. Sete altas, uma muito baixa, e não era a marrom. Todas em círculo, com um poço no meio. O pátio ao redor era de ladrilhos vermelhos, expostos ao céu aberto. O teto de estrelas parecia mais alto do que o normal, o de nuvens mais baixo do que o esperado. Dei naquele pátio, mas não sabia dizer de qual porta havia saído. Do céu, impossível, do poço, talvez? Por instinto, quem sabe, fui ao ímpar mais explícito e abri a porta marrom. Cheguei imediatamente ao pátio externo do mesmo cenário: eu estava agora do lado de fora do círculo numa espécie de varanda do espaço anterior e foi quando percebi que se tratava de uma torre altíssima, num vasto campo a perder de vista, cercada por um fosso de um raio - considerada a distância que eu estava do chão - de pelo menos cinco quilômetros. Não havia qualquer conexão entre a construção e a margem. Aparentemente, acreditava eu, cheguei e precisava sair. Dei voltas e voltas no círculo de fora, supus que qualquer porta me levaria para dentro e, por isso, abri a primeira porta branca pela qual passei. Bati a porta atrás de mim e me vi diante da porta marrom. Do lado de fora. Repeti o gesto com mais cinco portas, inclusive a marrom, e todas me levaram ao mesmo lugar. A porta marrom. Do lado de fora. Faltava a porta muito baixa. A bem da verdade, era uma portinhola muito rente ao rodapé e, agora me dei conta, é muito mais baixa do lado de fora. Ao contrário das demais, ela abria para dentro, o que constatei já deitado no chão do mesmo tom amarelado das paredes e excessivamente limpo, a despeito da sala de dentro. Tentei tocar o dentro da porta, tive medo de ficar preso no meio do caminho. Ou ainda pior, lá dentro. Me pus de pé novamente, tentei todas as portas pelo menos três vezes e em vão voltei ao ponto de partida. Foi quando, então, decidido, eu pulei.

Nenhum comentário: