domingo, 18 de janeiro de 2015

me obrigue a viver pra eu planejar.

.dava pra te ver do lado oposto.

Foram alguns segundos que me levaram para aqueles outros 30. Um pouco menos talvez. Tinha perdido segundos, segundos partidos, quentes, entre uma passada e outra, eu fui. Quando o nosso pensamento se desloca, é difícil manter uma linha reta na calçada. Às vezes pra esquerda, às vezes pra direita, paro muitas outras, desvio de buracos, merda de cachorro, pessoas, todas elas. Me obriguei a contar os segundos porque queria chegar mais rápido. E o tempo parou.

.e eu não duvidava que gostava de você.

Me lembrei de que estava apaixonada. Por alguns segundos às vezes a cabeça vira de um jeito que a gente se esquece de coisas simples. Não é o caso. Talvez eu tenha me permitido esquecer por um pouco mais que isso. E de repente tinha me esquecido por completo. Por um mundo mais emocionante, você diria. Não é tão difícil, você diria. A gente vive com medo de viver. Vive sim.

.era o movimento que sobrava pra fazer.

Ela tava suada. Saca? Foi um momento em que tudo no universo se certificou de apresentar nela certas coisas. O azul do vestido, amarrotado, uma alça quase caída, os tornozelos cobertos por canos cor de caramelo. Quem usa canos altos em dias tão quentes? A mochila, poída, me fez lembrar uma que eu tive quando ainda não te conhecia. Foi isso o que primeiro reconheci de mim em você, mas você não entendeu. Você, que não sei, nunca me reconheceu. 

.me obrigue a ficar.

Você está sempre pressupondo que ela vai evoluir pra um outro estágio. Evoluir no sentido de ir 'para' um estágio... É porque tem a ver com sexo, né, com cumplicidade. Negociar as coisas que vão acontecendo. Não é com o fim nela mesma. Se espera um outro estágio. A gente não esquece nunca o quanto é importante a gente se encontrar. Requer outros toques, outras entradas, que precisam do convívio, do convívio físico. 

.deixa a música tocar.

Essa cara de atitude é que é foda. De que vai tirar a roupa e correr pra dentro do mar, não sem antes me obrigar a fazer o mesmo. Eu fui. Não quero entrar, morro de medo, afogamento também, mas ataques de tubarões com dentes afiados principalmente. Desses que arrancam um pedaço que continuo sentindo mesmo muito tempo depois. Tem um nome pra isso. Esqueci.

.pede alguém pra te ajudar.

Lembra daquele dia que a gente *? É, aquele dia que a gente *. Como assim, você não *? Você pediu pra eu te ajudar com *. Me perguntou mil vezes se *. E depois disse que também *, não entendi porque perguntou então. De que adianta você me dizer que *, que não *, que estava *? Sério, não te * mais. 

.me obrigue a beber pra eu desmaiar.

Não lembro ainda. Só sei que foi uma coisa boba, estava segurando algo, precisou trocar de mão, um cacho fugia do emaranhado que prendia os outros tantos no alto da cabeça deixando o pescoço à mostra. O nariz arrebitado, eu me lembro, disso sim, quando sabia quantas vezes ia me perder por causa disso. Engolia, não vinha nada. Areia. Sabia que não sairia ileso daquele mergulho.

.não quero sofrer nessa promessa.

Eu não queria concordar com todas aquelas coisas. Foi só porque eu não sabia como lidar com tanta coisa junta, eu não queria fracassar em mais uma coisa. Eu queria garantir, na minha cabeça vazia, eu não queria morrer. Foi uma questão de sobrevivência, sabe? Eu não queria na verdade. Não sei mais. Acabou.

.não vai dar na mesma.


Foi o momento em que todos os fatores se alinharam. E que provavelmente a resposta dela para isso fosse, Mas eu tô toda desgrenhada. Nunca entendi essa palavra, na verdade. Eu só enxergava o significado dela. Tinha a ver com agora, tinha a ver com antes, mas nada com o depois. O depois de eu ir, o depois de agora, que não quero lembrar, não quero nada, só queria que esse momento parasse e ele parou. O conjunto foi tão impressionante. Foi o olhar dela que me pegou. Só que provavelmente foi o melhor momento. 

.pode me trancar.

E eu roubei ele pra mim.

Celo e Carol <3>

Nenhum comentário: