.dava pra te ver do lado oposto.
Foram
alguns segundos que me levaram para aqueles outros 30. Um pouco menos
talvez. Tinha perdido segundos, segundos partidos, quentes, entre uma
passada e outra, eu fui. Quando o nosso pensamento se desloca, é difícil
manter uma linha reta na calçada. Às vezes pra esquerda, às vezes pra
direita, paro muitas outras, desvio de buracos, merda de cachorro,
pessoas, todas elas. Me obriguei a contar os segundos porque queria
chegar mais rápido. E o tempo parou.
.e eu não duvidava que gostava de você.
Me lembrei de que estava apaixonada. Por alguns segundos às vezes a cabeça vira de um jeito que a gente se esquece de coisas simples. Não é o caso. Talvez eu tenha me permitido esquecer por um pouco mais que isso. E de repente tinha me esquecido por completo. Por um mundo mais emocionante, você diria. Não é tão difícil, você diria. A gente vive com medo de viver. Vive sim.
.era o movimento que sobrava pra fazer.
Ela
tava suada. Saca? Foi um momento em que tudo no universo se certificou
de apresentar nela certas coisas. O azul do vestido, amarrotado, uma
alça quase caída, os tornozelos cobertos por canos cor de caramelo. Quem
usa canos altos em dias tão quentes? A mochila, poída, me fez lembrar
uma que eu tive quando ainda não te conhecia. Foi isso o que primeiro
reconheci de mim em você, mas você não entendeu. Você, que não sei,
nunca me reconheceu.
.me obrigue a ficar.
Você
está sempre pressupondo que ela vai evoluir pra um outro estágio.
Evoluir no sentido de ir 'para' um estágio... É porque tem a ver com
sexo, né, com cumplicidade. Negociar as coisas que vão acontecendo. Não é
com o fim nela mesma. Se espera um outro estágio. A gente não esquece
nunca o quanto é importante a gente se encontrar. Requer outros toques,
outras entradas, que precisam do convívio, do convívio físico.
.deixa a música tocar.
Essa
cara de atitude é que é foda. De que vai tirar a roupa e correr pra
dentro do mar, não sem antes me obrigar a fazer o mesmo. Eu fui. Não
quero entrar, morro de medo, afogamento também, mas ataques de tubarões
com dentes afiados principalmente. Desses que arrancam um pedaço que
continuo sentindo mesmo muito tempo depois. Tem um nome pra isso.
Esqueci.
.pede alguém pra te ajudar.
Lembra
daquele dia que a gente *? É, aquele dia que a gente *. Como assim,
você não *? Você pediu pra eu te ajudar com *. Me perguntou mil vezes se
*. E depois disse que também *, não entendi porque perguntou então. De
que adianta você me dizer que *, que não *, que estava *? Sério, não te *
mais.
.me obrigue a beber pra eu desmaiar.
Não
lembro ainda. Só sei que foi uma coisa boba, estava segurando algo,
precisou trocar de mão, um cacho fugia do emaranhado que prendia os
outros tantos no alto da cabeça deixando o pescoço à mostra. O nariz
arrebitado, eu me lembro, disso sim, quando sabia quantas vezes ia me
perder por causa disso. Engolia, não vinha nada. Areia. Sabia que não
sairia ileso daquele mergulho.
.não quero sofrer nessa promessa.
Eu
não queria concordar com todas aquelas coisas. Foi só porque eu não
sabia como lidar com tanta coisa junta, eu não queria fracassar em mais
uma coisa. Eu queria garantir, na minha cabeça vazia, eu não queria
morrer. Foi uma questão de sobrevivência, sabe? Eu não queria na
verdade. Não sei mais. Acabou.
Foi
o momento em que todos os fatores se alinharam. E que provavelmente a
resposta dela para isso fosse, Mas eu tô toda desgrenhada. Nunca
entendi essa palavra, na verdade. Eu só enxergava o significado dela.
Tinha a ver com agora, tinha a ver com antes, mas nada com o depois. O
depois de eu ir, o depois de agora, que não quero lembrar, não quero
nada, só queria que esse momento parasse e ele parou. O conjunto foi tão
impressionante. Foi o olhar dela que me pegou. Só que provavelmente foi
o melhor momento.
.pode me trancar.
Celo e Carol <3>3>
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