quarta-feira, 22 de julho de 2009

me encosta

Fumo quando me entedio e em outras poucas ocasiões.

Ele, claro negou a oferta e já tinha os olhos nela toda. Ela, em contrapartida, mantinha o olhar fixo, as sobrancelhas semierguidas, como se estivesse vendo muito através e além das paredes que os mantinham prisioneiros daquela tensão. Vez ou outra baixava as pálpebras em busca da caneca de café onde batia a cinza do cigarro.

E ele, com os olhos ainda nela toda, sentia o coração ser esmagado pelas duas mãos de um gigante, mas, ao mesmo tempo, tentando escapolir pela garganta afora. Fazia tanto silêncio que lhe afligia a idéia de que ela percebesse seu peito sendo espancado por dentro.

Não foi o tempo de só um, mas de três cigarros. Ela mergulhou a última guimba na caneca e jogou as pernas para o lado; plantou os pés no assento do sofá e abraçou os dois joelhos de uma vez.

Ele voltou os olhos novamente para seus pés, porque as pontas dos dedos lhe resvalaram por um milésimo de segundo. Foi aí que sentiu correr pelas costas uma gota solitária de suor gelado, que fez seu corpo se arrepiar por inteiro.

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