terça-feira, 26 de julho de 2011

my knight in shining armor.

Quando eu vim para esse mundo, ganhei uma espada para lutar e um escudo para me defender. Quando eu era menino, ainda muito pequeno para entender a utilidade de coisas tão grandes, me escondia sob o escudo e fazia dele um castelo em formato de cogumelo gigante. Ali eu guardava uma vitrola antiga e umas histórias de contar que trazia mais na memória do que nas páginas que folheava sem compreender. Um dia, eu percebi que meu castelo não me protegia mais. Meus pés ficavam para o lado de fora, se queimavam com o sol do dia e se molhavam de chuva no fim da tarde. Eu era achado com facilidade por aqueles que preferia esquecer. Não conseguia mais deixar a lama do lado de fora e minha fortaleza precisou ser derrubada. Eu ainda era muito pequeno para trazer a espada em riste e descobri que a manter alinhada ao meu corpo era bastante eficaz para amedrontar alguns. Passei muito tempo parado, mais servindo de apoio do que sendo apoiado, e, por fim, percebi que precisava andar. Arrastei por muito tempo aquele peso sem saber mais uma vez qual a serventia daquilo tudo. Foi quando um dia, exausto, cheguei num beco sem saída. Embora ainda não tivesse força nem tamanho suficientes para empunhar a espada, os calos que minhas mãos já exaltavam me deram apoio para desbastar os espinhos e o caminho se abriu. Desde então, muitos vieram comigo, todos desistiram. Muitos me deram o braço e disseram, vamos, mas nunca dividiram o peso das armas comigo. Outros me viram cair e disseram, levante, mas não se dispuseram a cuidar das feridas do meu corpo. 

E eu ainda me culpo de pensar que lutar é para os fracos: os fortes seguem na sobra.

Um comentário:

Antonio de Castro disse...

a gente se surpreende com as pessoas.

com a vida.

no fim, essa acaba sendo a graça de tudo. essas surpresas e a sensação de que gente lutou.

ok, soou meloso e auto-ajuda, mas fazer o quê? tô assim.