quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

chega de saudade.

Era um céu azul de transparência nítida dos dias de verão. Não tinha mais o que pedir, ele não sabia mais o que eu queria e eu, eu nunca soube. Por que você não me disse que viria para ficar? Por que você não me abraçou mais forte antes de sair de manhã? A gente nunca sabe quando vai ser o último dia, a gente na verdade nunca sabe em que posição algo se cala para sempre. Eu não sabia e fui. E pensei, como posso entender o que me espera se não sei para onde vou. Eu só tinha certeza de que dessa vez eu não queria mais correr em vão, eu preferia sangrar meus pés e apreciar a paisagem. Enquanto os rios continuavam a correr e a brisa ainda ventava lenta a cortina da sala eu saí pela porta. Da frente, sem dúvida, exatamente por onde entrei. Quando fechei o peso da angústia atrás de mim, me libertei da responsabilidade de ser o que nunca quis e me perguntei por quanto tempo ainda teria me permitido viver esse martírio. Eu pensei, se eu tivesse tido certeza alguma vez nessa vida, a única que conheço bela, os dias teriam sido mais brilhantes? Se eu não pudesse medir o tamanho da ternura perdida em mim, eu seria capaz de contar o quanto ainda me falta viver? Eu gosto de agradecer ao acaso quando ele me engana. De vez em quando ele me carrega a passos lentos para rebelde me arrastar trajetos longos de momentos de desvario. Eu rio e choro, e quase nunca me conformo com as placas que me guiam, na sorte escolho uma e vou. Na falta de opção, me decido pelo que melhor me soa. Hoje, agora, senão me perco. Eu vou e digo adeus, com uma felicidade há muito esquecida.

Um comentário:

Anne Martins disse...

"Eu rio e choro, e quase nunca me conformo com as placas que me guiam, na sorte escolho uma e vou. Na falta de opção, me decido pelo que melhor me soa. Hoje, agora, senão me perco. Eu vou e digo adeus, com uma felicidade há muito esquecida."

Simples e certo !
A cada leitura que faço de seus textos me impressiono mais com a sua escrita.