segunda-feira, 22 de junho de 2009

o (meu) relógio da (sua) cozinha

Fernanda e Flavia já se conheciam. Uma inacessível. A outra inatingível.

Mas teve um dia em que Fernanda se entregou, perdeu o juízo, sem motivo aparente ou sem precedentes, descobriu que amava Flavia. Não era só uma curtição de bebedeira, ou uma sensação diferente. Ela queria ficar junto, andar de mãos dadas na rua, dar beijo na praça e tomar uma média na padaria. Ela queria dormir grudado, acordar embaixo da coberta, dividir os pijamas e fazer picnic.


A Fernanda não escolheu o melhor jeito de contar isso pra ela, mas, no final, de certa forma, até que funcionou. A Flavia foi pra parede, com as mãos da Fernanda grudadas entre ela. Não sabia se tentava prender a outra ou se se segurava pra não cair. E tudo veio como uma avalanche e elas lá no topo de mãos dadas, só olhando.

E dias depois, a Fernanda recuou e a Flavia cedeu, se esqueceu de todo o resto, e só se ouviam os corações descompassados que quase estouravam e afogavam as duas de dentro para fora.

Então, um dia, a Flavia decidiu que não ia se decidir e resolveu que não ia continuar. Ela preferiu enganar todo mundo, ela e a Fernanda, e tomou sua decisão. E Fernanda não entendeu, não aceitou, chorou e não dormiu por dias seguidos. E a Flavia plácida e impávida, não mexia um músculo do rosto.

A Flavia voltou pra realidade dela e a Fernanda mudou de realidade.

Um comentário:

Paula Clapp disse...

Finalmente conheci a Fernanda, Flávia, Tereza.

Prometo ler todos .
beijinhos