segunda-feira, 18 de maio de 2009

mi amore

Fernanda está apaixonada. Ela conheceu sem compromisso um cara com compromisso e sonhou com ele semana passada.

Ele estava deitado de bruços ao lado dela, sem camisa numa cama branca, grande e macia. O rosto virado para o outro lado, deixava virados pra ela os fios pretíssimos dos cabelos que escorriam um tanto compridos pelo travesseiro.

Ela via o sol radiante e desfilava as pontas dos dedos no sulco das costas dele até ser cerceada pelo lençol que o cobria, quando ele se virou para ela abrindo um olho de cada vez.

Até agora foi só isso que ela conseguiu e, às vezes, pensa que é melhor assim. Saber que não pode. Tocar e não pegar. Fingir que é brincadeira. Desculpas esdrúxulas. Fernanda prefere desfrutar o jogo, sem pressa para conquistar a vitória. Até porque quando alguém ganha, o jogo acaba e aí acabam também a vontade de se arrumar antes de sair, o vazio no peito quando vê e as borboletinhas no estômago que chegam a tirar sua fome.

Se ela ganhar, acabou a incerteza, a dúvida, a liberdade, o fingir que não está entendendo o que acontece, os beijinhos de canto. Tudo passa a fazer parte da realidade, surgem as dúvidas, as obrigações e os questionamentos. E, então, Fernanda não sonha mais, o desconhecido se esgota em muito pouco tempo, ela se entedia novamente e se lembra de que gosta dele, mas que também gosta de muitas outras pessoas.

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