sexta-feira, 26 de novembro de 2010

aponta pra fé e rema.

Era eu, sentada na margem direita do rio. Sem soluços, sem saudade, só um aperto no peito a pulsar. Um desejo de ser o seu bem querer, a menina dos seus olhos, a vontade simples de chegar sem nunca ter partido. Era eu, te amando loucamente, não porque era você, mas apenas porque desconheço outra forma de amar. Sem pudores, sem segredos, só vertigens e anseios de passar o resto da vida desfrutando do odor da sua voz macia a acariciar cuidadoso a minha nuca. Não porque era você, mas porque a paixão queima em mim, exala e transborda como um mel dourado. Era eu, novamente construindo em mim um castelo de cartas mascaradas, me perfumando calmamente para o momento da queda sublime. Sem ilusões, sem promessas, só a certeza de que tudo uma hora chega ao fim, mesmo aquelas coisas que existiram apenas nas minhas noites em claro e no meu imaginário juvenil. Essas são as coisas de que eu certamente sentirei mais falta, aquelas que vivi profundamente em minha cúpula, pois as inventei, as desfiz, voltei, redefini os planos e compartilhei comigo mesma as dores e os louvores. Aquelas pelas quais definitivamente me apaixonei. Não porque era você, mas tão somente porque são essas que eu vejo do outro lado do rio e dessa vez foi você quem veio me buscar do lado de cá.

Um comentário:

Antonio de Castro disse...

o importante é a gente se entregar.

"Era eu, te amando loucamente, não porque era você, mas apenas porque desconheço outra forma de amar." eu tô até agora, pensando nisso.