terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

querida alice

Queria ter te escrito ontem, mas o calor não me deixou. Não que agora não faça calor, faz e muito. O sol tem nascido antes das 6 e nem estamos mais no horário de verão. E já que estamos falando do tempo, como me faz mal o verão! Não que me faça mal, mas bem algum me faz. Não consigo me concentrar, tudo parece se embaralhar com esse mormaço. Sinto, às vezes, o vapor que meu corpo exala, antes de a pele ficar grudenta como uma jaca. Rezo para que a chuva venha, ao menos para refrescar meu rosto, mesmo que da janela da sala. E rezo mais ainda para que o inverno chegue, eu possa me acalmar e sentir prazer novamente em ficar em casa lendo. Porque nesse inferno no qual estamos vivendo os últimos meses, não sinto vontade de nada.

Falando então nos últimos meses, penso agora nas últimas semanas. Quem sabe até nos últimos dias. Ou nas últimas horas. E sabendo que ninguém irá entender o que se passa, então digo a você: sinto uma incrível não necessidade de falar. Estou naqueles dias que existir basta. Que ninguém tem absolutamente nenhuma importância. 

Só um parêntese. Adoro quando me dizem que, para mim, as pessoas são descartáveis. Simplesmente amo. Amo a superficialidade com que as coisas são vistas. Amo perceber o egoísmo do outro. Enquanto estávamos ao lado, que valor tínhamos? O problema é que não entendem que nós cansamos. E quando cansamos, tudo vira nada. 

E nessa não necessidade de dizer, falar, cuspir, gritar, vomitar, etc, me pego aqui com você. Paradoxal, mas você entende. Acho que, na verdade, tento assim garantir que alguém me segure quando esses dias passarem, porque sei que, no meu caso, a bonança antecede uma tempestade.

Me dá de presente galochas, uma capa e um guarda-chuva? Prometo que te empresto quando chover em você.

2 comentários:

Alice disse...

Não fala nada, só pega aqui minhas galochas, pq essas serão sempre suas....

Antonio de Castro disse...

há estações que eu só uso galochas.

não lembro como é a bendita bonança.
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