quarta-feira, 20 de outubro de 2010

vitrine.

Vi a mãe do seu filho hoje. Ela estava com um vestido igual àquele que você me deu para o Reveillon. Ela passou por mim com o andar displicente de quem não se magoa com olhares de rejeição. O mesmo olhar que eu estampava no rosto quando te vi pela primeira vez. Me chamou a atenção o jeito que ela usa os cabelos amarrados e me lembrei do quanto você gosta dos fios deslizando nas costas nuas. Tentei encontrar nela alguma coisa de você, mas não consegui. Ela me pareceu singela demais para o seu amor avassalador. Para aquela sua intensidade violenta de bem querer. Plácida demais para a sua inconstância. Sutil demais para a sua paixão juvenil. Notei, então, a mão pequenina que ela tateava cuidadosa e, por fim, compreendi porque o vestido parecia melhor nela do que em mim.

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