domingo, 10 de abril de 2011

a cabra. {o surto}

Pensar em você tão próximo e tão distante sem encontrar solução para esse desespero e para a solidão... Mas não é só me sentir sozinho, é sentir sua ausência nas hipóteses que simulo ciente da sua cumplicidade. Muitas vezes me assusto só de sonhar e, sobretudo, me distraio se me percebo sob as sombras da possibilidade de desconhecer o que o acaso separou para os nossos dias seguintes. Sei que dificilmente seria capaz de supor o sucesso sem considerar os destroços.  Mas assim, nada sóbrio de desejo, gozo com seu balanço e ascendo. Sinto saudades dos seus seios que se pronunciam em sensualidade insensata como pouso para meu sexo. Em uso da minha face cética busco fazer cessar a certeza da intensidade, sintoma de um misto de sofreguidão e mistério sacro, e, cínico, visto meu semblante de superioridade. E na imensidão do deserto da minha essência, me vejo manso e solícito, e não me canso, mas apenas resisto e insisto, pois sei que o resultado será um samba sensacional, em compasso com os sinos da missa de casamento. Um sacrifício para a minha versão antes vazia, uma cena dissonante à minha inconstância selvagem, mas que desde hoje será somente festa. Por mais que te pareça satisfação mesquinha posta em questão pela minha destreza indescente e, diga-se de passagem, usual, desça de seu pedestal e faça cessar minha histeria, mesmo que em resposta tácita. É o ápice Suzana.

Um comentário:

Antonio de Castro disse...

intenso.

às vezes a gente só precisa que quem está do lado esteja do lado.

e ler isso, ouvindo Marcelo Jeneci... me dá um novo sentido pra noite de hoje.

obrigado.